ONU convoca líderes mundiais para a cúpula ambiental Rio+20
Todos os chefes de Estado do mundo estão convidados para a cúpula
ambiental que será realizada em 2012, no Rio de Janeiro, com a meta de
definir formas concretas de tornar a economia mundial mais sustentável e
menos desigual, disse na quarta-feira o funcionário da ONU (Organização
das Nações Unidas) que comanda os preparativos.
O evento de junho está sendo considerado o mais importante encontro
ambiental internacional em uma geração, marcando os 20 anos da "Cúpula
da Terra", realizada no Rio em 1992, e que resultaria em importantes
tratados sobre clima e proteção da biodiversidade.
As crises financeiras que assolam a Europa e outras regiões
desenvolvidas aumentaram a importância da cúpula, por mostrarem que o
atual caminho de desenvolvimento é insustentável, disse o
subsecretário-geral da ONU para assuntos econômicos e sociais, Sha
Zukang.
"Nos últimos 20 anos, vimos um desenvolvimento econômico relativamente
rápido (...) Enquanto isso, vimos uma crescente disparidade entre ricos e
pobres. E, ao mesmo tempo, vimos uma deterioração ou destruição do
ambiente", disse o chinês a jornalistas no Rio.
"Não nos faltam declarações, não nos faltam agentes, não nos faltam
planos. O que mais precisamos é honrar e implementar aquilo a que os
líderes se comprometeram há 20 anos."
Sha disse torcer para que todos os líderes se desloquem ao Rio, mas
admitiu que na prática o quórum deve ficar em torno de 120 chefes de
Estado --mais do que os cerca de cem presentes na Rio-92.
Outras autoridades dizem que muitos líderes só devem se convencer a
participar quando as linhas gerais de possíveis acordos estiverem
definidas, nos meses que antecedem ao evento.
ECO-92
A Rio-92 (também chamada à época de Eco-92) abriu caminho para todos os
principais acordos ambientais desde então, incluindo convenções da ONU
sobre mudança climática --precursoras do Protocolo de Kyoto, de 1997-- e
sobre a biodiversidade.
O evento também definiu os princípios para a exploração florestal
sustentável, e estimulou a criação de planos nacionais para o
desenvolvimento sustentável. Mas, apesar desses tratados, grande parte
da pauta de 1992 continua em aberto.
Para a conferência de 2012, a meta da ONU é assegurar "um renovado
compromisso político para o desenvolvimento sustentável", e o principal
foco será na promoção da "economia verde" e na reforma das instituições
para esse fim.
A cúpula, porém, será marcada por amplas divergências entre nações
desenvolvidas e em desenvolvimento, as quais já impediram a adoção de um
tratado climático para substituir o Protocolo de Kyoto a partir de
2013, e que voltarão a transparecer na conferência climática da ONU que
começa na semana que vem em Durban, na África do Sul. Um fracasso desse
evento poderá reduzir as expectativas de um progresso notável no Rio.
Alguns ambientalistas e governos nacionais têm criticado o foco da
cúpula do Rio nos princípios da "economia verde", pois consideram que
isso enfatiza demais a tecnologia e os mecanismos financeiros, em
detrimento da biodiversidade e da proteção ambiental.
As economias em desenvolvimento manifestam o temor de que esses
princípios sejam usados como pretexto para o protecionismo comercial, ou
como uma condição para o fornecimento de ajuda por parte dos países
ricos.
Sha, no entanto, disse acreditar que o tema da "economia verde" tenha um
"enorme potencial" para gerar empregos, desde que esteja no contexto do
desenvolvimento sustentável e combate à pobreza.
"Não devemos, na minha visão pessoal, nos incomodar indevidamente com essa definição", disse ele.
Sha citou sete áreas prioritárias para as discussões, incluindo redução
da pobreza, aumento da segurança alimentar, melhoria da gestão hídrica,
criação de "cidades sustentáveis" e maior ênfase na preparação contra
desastres.
Fonte: Folha.com
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